domingo, 15 de fevereiro de 2009

Artificialidade em massa

"Moda é o que você adota quando você não sabe quem você é". Já disse Crisp Quentin, cada vez mais o modismo vem dominando as personalidades (ou a falta delas).

O modo de se vestir, falar, agir o que ouvir tudo tem sido ditado subliminarmente para a massa. A moda é a fábrica de gostos em série, somos produzidos com gostos e valores prontos, tudo isso alimentado pela vaidade e vontade de ser aceito, não há espaço para sua própria personalidade, todos são iguais (ou querem ser).

Com a perda da personalidade perdemos o pouco que nos resta de humano, nos transformamos em máquinas idênticos as que são da mesma geração (lote);
Os defeitos, as características todas inerentes ao lote. Lote esse selecionado por não ter personalidade ou por querer adotar a personalidade do grupo dominante, nosso lado animalesco se submetendo ao grupo alfa.

Com a modernidade e tecnologia a expansão da moda foi facilidade, aumentando o número dos afetados por ela.

Questionamo-nos então, até onde o ser aceito é mais importante que ser seu próprio guia? A sociedade de consumo em que vivemos nos julga pelo que aparentamos ser e não pelo que realmente somos. Poucas são as pessoas capazes de serem seus próprios guias, acabando por ser submisso sua personalidade artificial.

NinguéM = NinguéM - Engenheiros do Hawai















há tantos quadros na parede
há tantas formas de se ver o mesmo quadro
há tanta gente pelas ruas
há tantas ruas e nenhuma é igual a outra
(ninguém = ninguém)
me espanta que tanta gente sinta
(se é que sente) a mesma indiferença

há tantos quadros na parede
há tantas formas de se ver o mesmo quadro
há palavras que nunca são ditas
há muitas vozes repetindo a mesma frase:
(ninguém = ninguém)
me espanta que tanta gente minta
(descaradamente) a mesma mentira

todos iguais
todos iguais
mas uns mais iguais que os outros

há pouca água e muita sede
uma represa, um apartheid
(a vida seca, os olhos úmidos)
entre duas pessoas
entre quatro paredes
tudo fica claro
ninguém fica indiferente
(ninguém = ninguém)
me assusta que justamente agora
todo mundo (tanta gente) tenha ido embora

todos iguais
todos iguais
mas uns mais iguais que os outros

o que me encanta é que tanta gente
sinta (se é que sente)
ou
minta (desesperadamente)
da mesma forma

todos iguais
todos iguais
mas uns mais iguais que os outros
todos iguais
todos iguais
tão desiguais...
tão desiguais...

imagem: http://homemfantasma.blogs.sapo.pt/