quinta-feira, 25 de junho de 2009

Monstro do armário

Hoje recebi uma notícia chocante, eu já sabia que esse tipo de coisa acontecia, mas quando você começa a se aproximar dessas situações a coisa muda de figura, começa a te assustar ainda mais.

Vemos o jornal na hora da janta com toda a família, quem tem, ou sozinho, quem não tem. Fazemos sempre mil coisas ao mesmo tempo não tendo a atenção que se deve ter ao ver esse tipo de noticiário. Não que tenhamos ótimos noticiários, incorrompíveis e imparciais, mas é o que temos, se é o que temos devemos ao menos ouvi-los.

Confesso que me tornei uma idealista sentimental de uns tempos pra cá. É ridículo, eu tenho consciência disso, mas o que vou dizer realmente aconteceu. Assisti um desfile de fanfarras, aquelas bandas gigantescas com todos os integrantes uniformizados e marchando, em plena ordem. Aquilo começou a me gerar de início uma ojeriza tremenda, aquele ideal militar calculado tão impassível de falhas... Mas para falar bem da verdade, o que mais me entristeceu foram as pessoas falando com brilho nos olhos “isso me lembra a ditadura”. Aquilo me trouxe um sentimento de tristeza imenso, eu avisei que virei sentimental, uma tristeza que senti poucas vezes, e não imaginava sentir em uma situação como essa. 

Como alguém pode querer algo tão temível como foi a ditadura militar? Como alguém pode querer ter seu direito de falar, andar, ir, vir, pensar, censurado? Tudo em nome de uma pseudo-ordem que não existe na realidade, o que existe é o medo. De que adianta ter tudo regrado e “funcionando como deve ser” quando o direito de ser você mesmo é extirpado? Pessoas inúmeras morreram, tantas outras sofrem com seqüelas anos a fio por isso, tudo isso por uma liberdade condicional? Que liberdade é essa?

Bom, deu pra captar mais ou menos o que senti nesse momento, não vou me estender muito nesse episódio por trago um chocante agora.

Meus queridos, chegou a meu conhecimento essa terça-feira uma história simplesmente nojenta, me causa asco total. Aconteceu em uma escola, e olha que não foi escola de periferia como muita gente pode pensar. É escola de 1ª a 4ª série, vale ressaltar isso também. Nessa escola já aconteceram inúmeros casos com crianças violentadas sexualmente, não exatamente na escola, mas com os alunos da mesma, no entanto esse me deixou mais horrorizada que todas às vezes...

O menino faltou duas semanas seguidas na escola, ato que não se pode considerar normal, de acordo? Chamam a mãe da criança de apenas 8 anos de idade para saber o motivo da ausência. A mãe disse a professora o que havia acontecido. A criança aos seus 6 anos de idade foi violentada pelo padrasto, que diga-se de passagem ainda está com a mãe, e antes de começarem as faltas, o menino recebeu a visita de seu “singelo” cunhadinho. Que segundo a mãe é um negão bem forte, e por isso não podia ir à escola. O cunhadinho com todo carinho estourou o menino, a criança foi levada ao médico, ele disse isso, e como ele não conseguia nem andar não podia ir à escola. 

É ou não é pra ficar revoltada? A minha vontade era bater nessa mãe até estourar os miolos dela, e capar os dois desgraçados que fizeram isso. Isso é monstruoso, desumano, acabou com a vida do menino. E agora quem ele vai ser? Certamente deve ser abusado com freqüência já que a mãe é conivente com o padrasto, agora pra ajudar tem um cunhadinho muito delicado que cuida bem dele, gente estou falando de uma criança de 8 anos!

Não há outra definição a não ser monstruosidade para um ato dessa natureza. E antes esse fosse um caso isolado, existem “n” casos de violência sexual não só nessa escola, mas em diversas delas em todo estado em todo país, o mundo é um violentador de primeira. 

Essas crianças que sofrem esse tipo de violência levam marcas por toda uma vida, psicologicamente e fisicamente, mais tarde elas terão grandes problemas com personalidade, afetividade e sexo, claro que terão não é preciso ser nenhum gênio para saber disso. 

E agora, levam a criança pra um abrigo que vai acontecer a mesma coisa, certamente, o que vai mudar vai ser o violentador, que agora serão os colegas de quarto que foram violentados quando pequenos e assim vai indo, é algo muito triste e doído de se admitir , mas como eu quase sempre digo nos textos, é a realidade, e a realidade só se muda com atitude e conscientização. E não há conscientização enquanto as pessoas passarem a mão na cabeça, seja qual for, desses monstros que se escondem nos armários das crianças que não tem culpa nenhuma de terem nascido passíveis de violência.

terça-feira, 2 de junho de 2009

O futuro da nação

Filhos, prole, o futuro da nação. Crescemos ouvindo, na maioria das vezes, toda aquela história de “crescei e multiplicai”, começamos a criar e gostar da idéia de ter alguém no mundo que tenha o seu nariz, os olhos do seu parceiro, até mesmo o cabelo da sua avó. Mulheres crescem com sonhos maternais, vêem ser mãe como o ápice da vida, a amamentação a doação total, fotos presentes chás de bebe, e tudo que uma grávida tem direito. Mas do outro lado do asfalto as coisas são um pouco diferentes, lá a informação não chega assim tão fácil, lá não se tem sonhos e sim presságios assim como as mulheres de Atenas de Chico. Lá trabalha-se muito, criam-se muito filhos e sonhos maternais não cabem mais. Eis que uma menina de seus doze ou treze anos se vê realizando o sonho da mulher pra quem a mãe dela trabalha. Essa menina não é nem adulta, uma criança gerando outra criança, não tem estudo, o pai da criança, ah esse está mais ocupado engravidando outra menor, o que fazer?
É não é justo, quem quer engravidar como a mulher para quem a mãe da menina trabalha não engravida, e quem não tem como criar uma criança não precisa nem se esforçar.
A mulher então resolve começar um tratamento de fertilidade, gasta milhões, mas ela tem um bom marido, casamento feliz, quer realizar seu sonho. A menina se vê sem escolha e abandona a criança.
Bom, agora que dei uma introduzida no assunto com uma “historinha”, vamos ao que interessa.
Nosso planeta está repleto de pessoas, teremos mais gente do que espaço daqui um pouco. Vivemos em uma época de colapso ambiental, água acabando, o clima ficando cada vez mais instável e imprevisível. Crianças vivendo na marginalidade por não terem quem as crie de verdade, fora aquele que lhes oferece ajuda, o primeiro que aparecer, que muitas vezes coloca-as em caminhos que vão contra a lei, como as drogas por exemplo. Essas mesmas crianças viram adultos, que não tem educação, berço, ou qualquer outro substantivo preciso para um adulto saudável fisicamente, psicologicamente e socialmente. Esses adultos viram marginais, que podem acabar fazendo o que fizeram com eles, e fica nesse ciclo vicioso, e isso não é fácil de acabar não, e não é do dia para a noite.
Por outro lado, temos mulheres que tem problemas de infertilidade, mas sonham ter filhos, elas foram criadas para isso. As mulheres em sua maioria tem uma criação típica de servir, aos poucos isso vai mudando, mas é lento, e ainda são vistas as que não tem filhos ou não são casadas como fracassadas. Há ainda quem diga que a “obrigação” do ser humano é dar continuidade da espécie... no entanto essa espécie vem se destruindo e destruindo as outras também. Mas voltando ao assunto das mulheres, elas criam esse desejo de ser a rainha do lar, de ter algum pequeno que chore e precise dela, isso é bonito, romântico e egoísta. Quando se quer ter um filho, pensa-se primeiro no prazer de ser mãe depois no que essa criança pode virar, infelizmente é assim na maioria dos casos.
Será que não seria mais proveitoso essa mulher que gasta milhões com tratamentos gastar isso com uma criança que já existe e precisa dela de verdade? O prazer egoísta de ter uma barriga vai além da preocupação com o coletivo?
Está bem, estou sendo radical, então vamos encontrar um meio termo, certo? Vamos satisfazer o prazer e a necessidade social, será útil e agradável, pense. Para o social, adota-se uma criança, sim, precisamos ajudá-las, não estamos sós elas fazem parte de onde vivemos, tenhamos compaixão! E para satisfazer-se e sentir aquela coisa de fiz a minha parte para a continuação da espécie, tenha um filho gerado em seu ventre. Já que tem condições de gastar tanto para ter filhos, tenha-os, mas com consciência social, isso sim é bonito, isso sim é doação.
E aos que temem a herança genética, aviso-os, isso pouco influência na vida da criança, o que vai influenciar mesmo é a criação que será dada, o amor, a dedicação e preceitos que serão passados a esse ser que tanto precisa dos outros. Pense como a sociedade seria mais justa e menos violenta se cada um ajuda-se dando um pouco de afeto mesmo que não adotando se não fosse possível para essas crianças que precisam de todos nós.
É tocante ouvir a história deles, de como foram parar nessas situações complicadas, os abusos, os maus tratos, ou o simples fato de não ter família para recorrer, pensar no outro é difícil, mas necessário.
Estou fazendo um discurso politicamente correto, mas é o correto mesmo, oras! Sejamos menos egoístas, “gentileza, gera gentileza”.