sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Eles

Eles eram ela e ele.
Ela tinha um bom emprego, uma boa família, um bom apartamento, uma boa bagunça.
Ele também tinha um bom emprego, tinha bons amigos, uma boa conta no banco, uma boa organização.
Ela era de gêmeos, falante, efusiva, indecisa e sonhadora.
Ele era de virgem, calado, realista, perfeccionista e ambicioso.
Eles se conheceram em um dia bom, em um bom parque, estava tudo bem até que ela atropelou ele com sua bicicleta, que era mais alta do que ela, ele então sentiu o sangue percorrer todo o seu corpo coberto de raiva e quando olhou ela o sangue voltou para o seu lugar sorriu para ela e desejou que ela atropelasse ele mais vezes.Ela ficou sem graça e pediu desculpas, estavam perto de um café, ele disse à ela que só desculparia ela se ela o acompanhasse. Ela olhou nos olhos dele e viu que não era só desculpas que ele estava querendo dela, nem ela queria só o perdão dele, portanto aceitou o convide.
Ao chegar ao café, chamado “Nós”, ele perguntou o nome dela, ela respondeu que só diria caso eles fossem nós, ele rio e chamou o garçom, deixou que ela fizesse o pedido primeiro, ele era um cavalheiro, ela pediu chá, um chá que eu não sei escrever o nome. Ele pediu um cappuccino, eles conversavam sobre ele, sobre ela, nada de nós como ela havia sugerido ao chegarem ao café.
O chá e o cappuccino chegaram, eles se olhavam enquanto bebiam suas respectivas bebidas, mas só se olhavam nada de palavras, o olhar substituía-as. Ela elogiou o chá, disse que estava delicioso. Ele perguntou o que ela fazia com uma bicicleta com o dobro do tamanho que deveria ter, se isso era proposital para ela atropelar mais homens como ele para resultar em um chá delicioso.
Ela abaixou a cabeça, olhou-o, sorrio brevemente com um ar de timidez. Disse que era a primeira vez que fazia isso, e que esperava atropelá-lo mais vezes. Ele gostou do que ela disse e aproximou-se, tocou-lhe as mãos, beijou-lhe as mãos, olhou-a nos olhos, fez um suave carinho percorrendo seu rosto e beijou-a levemente aparentando ter medo de quebrá-la, ele achava ela tão frágil. Ela correspondeu e ficaram depois um olhando para o outro, esperando que algo acontecesse, aconteceu, começou a chover, e a cada segundo a chuva piorava, ele pediu a conta, ela quis dividir, era pouco, mas ela não admitia que ele ou qualquer um pagasse o que fosse dela.
Ele quis levar ela para a casa dela, ela disse que não, que teria de fazer outras coisas, ele insistiu, ela também. Despediram-se com ar de até logo.
Ela pegou sua bicicleta, e foi embora até ele a perder de vista. Ele pegou um taxi e foi para o trabalho. Ela quando viu que ele não a via mais, mudou o caminho e foi para casa. Ele ficou com gostinho de quero mais. Ela chegou em casa, guardou a bicicleta, deu um beijo em seu filho, sentou no sofá velho ao lado de seu velho marido, eles tinham um bom apartamento, no outro dia ela iria para o seu bom emprego, mas enquanto isso ficaria na boa bagunça que estava em seu apartamento.
Ele foi para o seu bom emprego, contou o ocorrido para alguns bons amigos, mais tarde passaria no banco, para ver como estava a sua boa conta, afinal ele era bem organizado.
Ele quando chegou em casa e deitou sua cabeça no travesseiro pensou nela, no que ela estaria fazendo, tomando chá?
Ela quando deitou em sua cama, olhou para o seu marido, beijou-lhe a testa, sussurrou algumas coisas deitou e dormiu.
No outro dia, ele não acordará do sonho que teve com ela, e ela pegou sua bicicleta para atropelar outro ele. E assim dias e dias foram seguindo-se, ele sonhando com ela, ela atropelando outros eles, cada um com seu bom emprego, ela na sua boa família, bom apartamento e boa bagunça, ele com seus bons amigos, boa conta do banco e boa organização.

1 comentários:

Vinicius Santucci Rossini disse...

Muito muito muito bom ^^
parabéns , lindo texto.